O Chamado da Aventura

Bom, seguíamos firmes nos nossos ideais, passando noites em claro estudando ou fazendo aqueles trabalhos imensos que os professores de design passam, (acreditem, são imensos e minuciosos) enquanto algumas oportunidades apareciam. E não tocamos mais no assunto dos calçados.

Em 2012, um pouco mais maduros, e depois de trabalharmos juntos em diversos projetos, com grandes êxitos, e grandes falhas também! Vale a pena lembrar pra dar boas risadas, como por exemplo um projeto de produto, onde tínhamos que fazer um mock up, um modelo que representasse o produto final em qualquer material, onde  na nossa inocência, aplicamos massa plástica, é, aquela massa pra modelar lataria de carro, no isopor, e da noite pro dia ver o trabalho se transformar em um maracujá maduro gigante radiotivo!  “Qualquer coisa corrige com massa”, virou nosso lema!

Enfim, entre erros e acertos, passamos a discutir futuros projetos juntos, uma oficina colaborativa, de trabalhos manuais voltados pro design, coisas utópicas, salvar o mundo ou talvez um escritório de design de maracujás gigantes radiotivos. Até que no fim do primeiro semestre de 2012  meu amigo me diz:

– Meu pai esta a fim de voltar a trabalhar com calçados.

– É mesmo? Que interessante!

– Mas como alguém fabrica calçados? Eles não são feitos em grandes fábricas na China? Com uma infinidade de máquinas que fazem de tudo?

Renan (que sempre tem uma resposta pra tudo) me disse:

– Depende do processo, podem ser feitos à mão.

Um pouco curiosos, começamos a fazer algumas pesquisas:

O mercado de calçados é o mais lucrativo da moda;

O Brasil é um grande produtor e exportador de calçados;

Os impostos de produtos oriundos da China aumentaram nos últimos anos, o que dificulta a entrada dos produtos e privilegia os fabricantes nacionais.

Alguns dias depois, a grande noticia, que deu o stratup em todo o projeto chega:

-Meu pai comprou uma máquina de costura, daquelas grandonas, de costurar couro e tal.

– Jura? Você ta brincando?

– Cara, a gente pode começar a estudar mais a respeito, a final, se trata de um produto! É tão difícil encontrar calçados legais, e alias, quem não usa calçados?

– Você tem razão!

Marcamos nossa primeira reunião pra divagar sobre a idéia, e conhecemos “o pai”, o nosso mestre sapateiro, Gaspar, que com toda a paciência do mundo nos explicou, e vem explicando, as possíveis técnicas de fabricação de calçados à mão, sempre disposto a nos ensinar e  aprender também novas técnicas, com um único objetivo, criar calçados confortáveis, feitos à mão por entusiastas, com muito amor e design.