A Recusa do Chamado

 

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Pronto! Já temos tudo o que precisamos!

Não, não estamos nem perto de ter.

Precisamos de um espaço, de mais máquinas pra montagem e acabamentos, materiais de todos os tipos, precisamos de um nome, de uma marca e, além disso tudo, tem a parte burocrática – o registro da marca e da empresa.

Nesse meio tempo, uma obra acontecia no terreno do Renan e do Gaspar: a demolição de uma antiga casa de madeira e a construção de uma nova de alvenaria. Logo, parte da obra se transformou no projeto do nosso escritório/fábrica.

Entusiastas do faça você mesmo, planejamos construir todos os móveis. A ideia era reformar alguns, pintar as paredes e fazer a decoração por nossa conta. Mas obra sempre atrasa, sempre demora. Não acabamos fazendo nós mesmos porque ainda não sabemos assentar tijolos e bater massa – ou quem sabe pra evitar qualquer tragédia!

Mas como tudo na vida se aprende, participamos da obra construindo uma pequena escada de cimento e tijolos para dar acesso ao terreno dos fundos, aplicamos massa e lixamos todas as paredes. Claro que isso tudo só foi possível com a ajuda de bons amigos e a vontade de não transformar isso tudo em um castigo, e sim em uma boa diversão.

Após várias semanas um pequeno barracão já tinha forma, com cozinha, banheiro e uma salinha nos fundos. A partir disso foi possível começar a trabalhar no planejamento do layout dos móveis e da decoração. Enquanto isso, o nosso maior desejo era ter um espaço agradável pra poder trabalhar diariamente nos nossos projetos.

Nesse meio tempo trabalhamos por semanas em uma salinha de madeira escura da antiga casa que seria demolida. Esse período foi mesmo de aprendizagem; como estávamos limitados, começamos a desenvolver apenas alguns modelos de calçados para teste. Vários amigos colaboraram usando esses calçados e, aos poucos, nosso mestre Gaspar foi ensinando as técnicas mais elaboradas de fabricação pra gente.

Pra ajudar ainda mais, nessa mesma época estávamos os três fazendo o Trabalho de Conclusão de Curso e assumindo projetos de design como freelancer para novos e antigos clientes. E tem mais! Todos os quatro envolvidos: eu, Renan, Luan e Gaspar, TODOS tínhamos outros empregos paralelos ao projeto. Ou seja, nos dedicávamos nas noites de folga da faculdade e nos finais de semana.

Em suma, a situação não era nada fácil. Mesmo com muito apoio a gente não conseguia concretizar em nossas mentes a ideia do empreendedorismo, mas cada um alimentava a vontade de trabalhar com o que realmente gosta – ou o que achava que gostava. Decoração, artesanato, ilustração, design gráfico, até mesmo marcenaria, cada um tinha uma paixão maior.

Esse foi o momento em que, confesso, quase desistimos desse sonho. Tentávamos encontrar uma maneira de poder aliar isso tudo em único projeto até que mais uma brilhante ideia surgiu…